A REALIDADE QUE NÃO QUER MORRER
Atualizado: 12 de dez. de 2020

Nesta manhã, depois de ter acordado de um sonho estranho em que havia viajado pelo espaço e visto o planeta terra distante , pensou que devesse parar de assistir vídeos a respeito de UFOS na internet. Mas não podia reclamar, o sonho foi bom e pacificador. Já estava misturando realidade com fantasia, riu. Pensou que muitas vezes a solidão produzia estes estados de fuga, uma vontade de ir além de tudo, das grades imaginárias ou reais. Ainda estava deitado , olhando através da janela o céu nublado, e como sempre gostava de ficar meditando sobre a vida antes de tomar coragem de sair da cama e começar a fazer qualquer coisa. Sempre foi lento pela manhã, por isso pensava em todas as ações , principalmente as mais básicas, detalhadamente. Repetia diariamente o roteiro de sempre, deitado, olhando através da janela e absorto em pensamentos misturados. Primeiro , iria ao banheiro, depois desceria à cozinha para tomar café e acordar totalmente do torpor da manhã que prometia chuva. Colocou o pó do café no filtro de papel , enquanto a água esquentava , pegou o seu novo tablet para ler as notícias do dia.
A primeira noticia que leu foi sobre a libertação de alguns ativistas do Greenpeace ,detidos na Russia , mediante o pagamento de fiança por decisão da justiça russa. Já estava acompanhando a notícia desde do momento da prisão. E como sempre, essas notícias pareciam fazer parte de um filme, por serem algo que não faziam parte da sua realidade, principalmente as mais trágicas, preferia imaginar que tudo fosse ficção. Refletia porque sentia desta forma as notícias que chegavam até ele e eram destaques na sua região ou que fossem muito trágicas, com mortes, miséria e mutilações ou distantes. Chegou a conclusão que as notícias chegavam instantaneamente, causando desta forma uma reação maior sobre os efeitos das tragédias ,com as imagens dos sobreviventes , os rosto sofridos dos parentes, as mutilações dos corpos sem vida estirados no chão, anônimos como bonecos e pensar que pudesse ocorrer com qualquer um, com ele ou com seu vizinho. Decidiu em não ler as notícias de manhã ou nem lê-las mais , pois ultimamente estava refletindo demais na efemeridade da vida, da sua própria vida. Tudo parecia sem sentido. Perguntou-se , E por que a vida deveria ter sentido? Acordou, de repente, da hipnose das notícias, no momento de se dar conta que a água borbulhava na chaleira. O aroma que exalava no momento que colocava a água no pó de café, o fazia se sentir reconfortado, em casa e seguro de todas as incertezas da vida. Gostava de demorar neste ritual diário. Nem sempre foi desta forma. Depois do incidente, no início da sua vida adulta, ficou mais contemplativo e solitário. Mas não era esse seu temperamento. Sempre teve muita energia e ânsia de viver intensamente e necessidade de romper suas próprias limitações; as imaginárias e as reais limitações que não estavam em seu controle. Constatou, pensando melhor, que na infância era mais corajoso e , sem precisar fazer muito esforço, a vida seguia mais leve. Uma vez , refletiu sobre isso, comparando-se com sua irmã mais velha. Ela havia se tornado seu modelo na vida, no início da adolescência. Ao contrário dele, era mais objetiva, introvertida e racional, que era mais impulsivo , expansivo e intuitivo, e tirava ótimas notas nas matérias que considerava difíceis, como matemática e física, o que a fazia ser a atenção de toda família. Riu , diante destas recordações. Essa época da sua vida o marcou muito. Não tinha muita consciência que o motivo de toda a sua ansiedade, temor era a não aceitação de si mesmo. Deixando-o de lado , para seguir sua irmã mais velha , a que tinha fama de gênio na família e talvez , por isso, não se sentir tão solitário no grupo familiar. Se igualando, se tornaria mais aceito. Não resta dúvida que foi uma forma de sobrevivência e evitar confrontos e atritos com a família. Ainda mais que outra sua irmã mais nova, se tornara rebelde indo contra o sistema familiar, tornando-se desta forma marginalizada dentro do grupo. Todas as cenas de atrito entre essa irmã e os pais e o restante dos irmãos faziam se sentir fechado, deprimido e no meio de todo esse cenário reprimia sua verdadeira natureza, mimetizando-se.
Tomou seu café demoradamente navegando na internet para depois ir tomar banho e decidir o que fazer naquele dia. Morava sozinho, quer dizer, ele e seu gato de estimação. Sempre gostou de gatos. Eles o faziam se sentir conectado com algo que não conseguia, ou não queria enxergar o que era, explicar a sensação. Ele o seguia em todos os lugares da casa. Até no momento em que estava embaixo do chuveiro, ficava deitado no tapete perto do box.
Tomou banho rapidamente, desta vez. Já tinha se demorado muito em pensamentos e recordações durante o café. Tinha um compromisso no almoço. Sua ex namorada havia ligado no dia anterior, convidando-o para almoçar e contar uma novidade. Não podia esconder o entusiasmo do encontro, quando estava assim tudo se tornava rápido e leve. A vida tomava um ritmo dinâmico e a vida se tornava colorida de novo. Não tinha deixado de gostar desta namorada, mesmo depois de ter namorado tantas outras mulheres depois dela. Foi ele que a deixou. Pensou que não a amava o suficiente para continuar o namoro. Era jovem e queria viver intensamente. Sua primeira namorada e seu único amor na vida estava casada, tinha filhos adolescentes e era feliz com sua vida. O que o deixava de certa forma melancólico, mesmo tentando não transparecer. Percebia que não conseguia esconder seu estado. Sentia que ela se divertia com seu jeito confuso e deprimido na vida. Isso o atormentava, sentia-se com a auto estima baixa diante da felicidade da namorada e de seu divertimento com o estado da vida que levava. Era economicamente dependente da família , mesmo que morasse sozinho e tivesse de uma certa forma independência para viver. Sorte sua, deduzia. Sua família era rica, enquanto seguia rumo ao restaurante. Durante o percurso , no táxi que havia chamado, olhava a mesma paisagem de sempre e que lhe sufocava. Não se dirigia ao motorista, porque nunca gostou de falar com motoristas de táxis. Eles , para agradar ou para passar o tempo durante a monótona viagem , puxavam conversa. Ele respondia laconicamente, terminando a conversa no mesmo instante. Não que ele não gostasse do motorista, pois nem o conhecia .Mas não tinha hábito de conversar com pessoas desconhecidas, sentia totalmente desconfortável com situações assim. Não se recriminava por isso, depois de tudo que tinha passado. As pessoas que não o conheciam, pensavam que fosse uma pessoa leviana, fútil e sem rumo na vida. Não os condenava. Talvez agisse assim também , se não tivesse perdido sua irmã mais velha naquele acidente que ele, na sua compreensão, provocou . Presenciou todo o sofrimento da irmã antes de morrer . Os flashes destas cenas sempre o acompanhavam. Sabia que era sentimento de culpa, pois a invejava por sempre ter sucesso em tudo o que se propunha fazer.
O táxi parou na frente do restaurante. Frequentava o mesmo restaurante. Não sentia vontade de mudar o roteiro. Entrou e enxergou sua ex namorada lhe esperando na mesma mesma mesa perto da janela. Beijo-lhe e abraçou -a ternamente. Sentaram e esperaram a comida que haviam pedido. Notou que apesar de continuar bonita como na juventude, mostrava-se nervosa e quieta. O tempo a tornava mais bonita. Desta vez, ele resolveu iniciar a conversa. O silêncio não combinava com ela. Era ele o personagem do silêncio. Surgiram lágrimas em seus olhos, no momento que ele perguntou como estava a família, sobre seus filhos. Isso o atormentou, não esperava esse script neste dia. Não era ela que ele esperava ver melancólica, deprimida e triste. Riu internamente ,de novo, com esses pensamentos. Observou que estava se tornando irônico com o avanço da idade. Estava com 65 anos. Solteiro, sem filhos e conversando com a única mulher que pensava ter sempre amado na vida, neste instante começou a duvidar deste sentimento. Não quis transparecer uma certa felicidade , mesmo sabendo não conseguir fingir seus sentimentos para a mulher que nunca deixou de se encontrar para conversar e almoçar todos os meses no mesmo restaurante. Sentia -a como uma amiga ou uma irmã ,substituição da irmã que havia perdido num acidente. O acidente que o havia traumatizado pelo resto da sua vida, deixando completamente perdido. Não conseguiu mais se recuperar deste fato e, além de tudo, sabia que sua família não o perdoava. Já fazia trinta anos do ocorrido e é como se tivesse sido ontem a morte da sua invejada irmã. Pensando melhor , não poderia considerar esse sentimento como inveja , mas como um endeusamento, uma admiração fora do comum. Mas se culpou todo o tempo por achar que era inveja e ainda com a ajuda da família para intensificar a culpa ainda mais. Sua mãe , depois do acidente, seu pai já havia falecido, recordava da filha modelo, a gênio , a filha que todos os pais queriam ter, havia morrido num acidente absurdo.
Ficou em silêncio , esperando que ela falasse o que estava acontecendo. Ele olhou para os seus olhos, as lágrimas não paravam , e sentiu vontade de abraçá-la , beijá-la com toda a intensidade de sua alma. Mudou de ideia depois que ela contou tudo. Novamente sentiu como se o chão desaparecesse debaixo dos seus pés. Teve medo de surtar e ter que ir novamente para uma clínica de repouso por um bom tempo, como aconteceu depois da morte da irmã, para se recuperar. Mas desta vez o choque não era mais por culpa, remorso, todos os sentimentos juntos. Agora os sentimentos eram de alívio, de uma alegria infinita mas não sem uma ponta de tristeza. Depois de anos sofrendo ,traumatizado e com culpa , perdendo o rumo da sua vida e do ânimo pela vida e dos melhores momentos da sua vida. O momento que podia ter formado uma família, ter se dedicado à profissão de publicitário, e que tudo evaporou-se em segundos. Não era de se surpreender que não tivesse um pouco de tristeza em toda a história que acabaria de ouvir. Pensou, não foi em vão tudo o que tinha passado. Adquiriu uma paciência, calma e controle de si mesmo para levantar-se da mesa ,sair do restaurante rindo, feliz de novo com a vida. Sentia que um novo horizonte se abria a sua frente, mesmo com 65 anos.
Começou a escutar o que ela queria falar. Ela não conseguia falar claramente por que as lágrimas cada vez mais intensas não paravam de cair de seu rosto, as palavras saiam entre soluços e lágrimas. Pacientemente olhava -a surpreso ,direto nos seus olhos. E por isso ela soluçava descontroladamente, cheia de culpa talvez. Falou que seu marido havia morrido. Seus filhos estavam bem, estavam de férias. Ainda não sabiam da morte do pai e não sabia como iria contar a notícia ou se contaria todo a verdade. Atentamente ele a olhava ansioso e intrigado com a cena que surgia em sua frente. Ela contou que seu marido havia se suicidado. Ele era 25 anos mais velho que ela e soube que estava com câncer. Recebeu o diagnóstico tranquilamente, saiu da sala do médico e se atirou de uma janela no décimo terceiro andar do prédio na sacada que havia no corredor. Morreu na hora. Ficou atônito com a notícia, que as lágrimas começaram a surgir também de seus olhos, cheios de compaixão por ela. Subitamente seus olhos se congelaram, quando viu lágrimas escorrerem em seu rosto. Aquela expressão o assustou. Não chorava mais, friamente contou que seu marido era sua irmã. Ela não havia morrido no acidente. Tinha sido tudo uma farsa. Ela aproveitou o acidente de carro para forjar sua própria morte. A morte , o enterro, o caixão foi tudo encenado. Durante sua internação numa clínica de repouso naqueles dois anos, deu tempo para ela fazer plástica, tomar hormônios para se tornar masculinizada, cortou e pintou o cabelo de loiro, colocou lentes de contato azul. Nestes dois anos se tornou uma atleta, quer dizer um atleta, riu friamente. Não dava para perceber que era uma mulher ou que tinha sido a irmã do seu ex namorado. Ele a olhava assustado e petrificado, perguntou: E os filhos como tiveram? Ela riu de novo. Os filhos são seus. Durante sua estadia na clínica tiraram amostra de seu sêmen e me fecundaram. Agora, depois de ouvir esta parte, ele podia entender porque se simpatizava tanto com os filhos dela, a ponto de achar que até se pareciam um pouco com ele. Todo o tempo pensou que ainda não estava bem do trauma e que levaria essa sensação para o resto da sua vida. Notou que ela tinha um ar de perversidade em sua expressão, um prazer em vê-lo paralisado com toda história. Sentiu que iria desmaiar, mas aguentou o fim da história firme. No momento que lembrava de alguma coisa da sua vida com seu marido, quer dizer, com a irmã dele ,soluçava compulsivamente. Naquele instante, depois de ouvir o início da história, não sentia mais nada por ela, nem por sua família, que todo o tempo fingiam não saber mesmo não aceitando, e nem pela sua admirada irmã. Não se simpatizava também com seus supostos filhos a partir de agora também e nem iria querer contato. Tudo tinha terminado e de forma absurda. O que ela iria querer dele agora? Se sentiu apreensivo com a possibilidade dela querer voltar para ele. E estava certo , ela pediu para que ele voltasse para ela, já que os filhos eram dele. Ele já não acreditava mais nela, impossível acreditar com toda essa loucura e perversidade. Ela falou que ela e sua irmã sempre foram apaixonadas uma pela outra, mas sabiam que a sociedade não iria aceitar essa relação, então juntas planejaram tudo perfeitamente para não deixar nenhuma prova da farsa e tudo mais.
Calmamente ele perguntou se elas nunca se sentiram culpadas pelo sofrimento dele e da sua vida até agora perdida. Ela novamente o olhou friamente e deu gargalhadas com a brancura de seu rosto e o beijou na boca sensualmente. Ele se desvencilhou dela rapidamente e deu pêsames pela morte do marido, beijou-a na testa, levantou-se sem dizer mais nada e saiu para rua, sem olhar para trás nunca mais. Tinha sobrevivido de tudo que tinha passado, sentia-se leve e livre. Era inverno, tirou o casaco e ficou somente de camisa, deixando que o vento frio tocasse seu rosto. Caminhou rapidamente para ficar cada vez mais longe do seu passado, estava forte e sabia que no futuro iria encontrar outra mulher para amar e quem sabe formar uma família. Pegou um táxi e se dirigiu ao aeroporto, comprou uma passagem e entrou no avião rumo a sua nova vida.
LA REALIDAD QUE NO QUIERE MORIR

Esta mañana, después de despertar de un extraño sueño en el que había viajado por el espacio y visto el distante planeta tierra, pensó que debería dejar de ver videos sobre UFOS en Internet, pero no podía quejarse, el sueño era bueno y pacífico. Ya estaba mezclando realidad con fantasía, se rió. Pensaba que muchas veces la soledad producía esos estados de evasión, un deseo de ir más allá de todo, desde rejillas imaginarias o reales. Seguía tirado ahí, mirando por la ventana el cielo nublado, y como siempre le gustaba meditar sobre la vida antes de atreverse a levantarse de la cama y empezar a hacer cualquier cosa. Siempre era lento por la mañana, así que pensé en todas las acciones, especialmente las más básicas, en detalle. Repitió el guión habitual a diario, acostado, mirando por la ventana y absorto en pensamientos contradictorios. Primero iría al baño, luego bajaría a la cocina a tomar café y se despertaría completamente del aturdimiento matutino que prometía lluvia. Puso el café en polvo en el filtro de papel, mientras el agua se calentaba, agarró su nueva tableta para leer las noticias del día.
La primera noticia que leyó fue sobre la liberación de algunos activistas de Greenpeace, detenidos en Rusia, bajo fianza por orden judicial rusa. Llevaba siguiendo las noticias desde el momento de su detención y como siempre, estas noticias parecían parte de una película, como no formaban parte de su realidad, sobre todo las más trágicas, prefería imaginar que todo era ficción. Reflexionó porque así sentía las noticias que le llegaban y eran destacadas en su región o que eran muy trágicas, con muertes, miseria y mutilaciones o lejanas. La conclusión llegó que la noticia llegó instantáneamente, provocando así una mayor reacción sobre los efectos. de las tragedias, con las imágenes de los supervivientes, los rostros sufridos de familiares, las mutilaciones de cuerpos sin vida tirados en el suelo, anónimos como muñecos y pensando que le podía pasar a cualquiera, con él o con su vecino. Decidió no leer la noticia. por la mañana o ya no los leía, porque últimamente estaba reflexionando demasiado sobre lo efímero de la vida, de tu propia vida, todo parecía sin sentido. Se preguntó: ¿Y por qué debería tener sentido la vida? De repente se despertó de la hipnosis de la noticia, cuando se dio cuenta de que el agua burbujeaba en la tetera, el aroma que desprendía al poner el agua en el café en polvo, lo hacía sentirse reconfortado, como en casa ya salvo de todo. las incertidumbres de la vida. Me gustaría demorarme en este ritual diario. No siempre fue así. Después del incidente, al comienzo de su vida adulta, se volvió más contemplativo y solitario. Pero ese no era su temperamento. Siempre tuvo mucha energía y ganas de vivir intensamente y la necesidad de romper sus propias limitaciones; el imaginario y las limitaciones reales que no estaba bajo su control Descubrió, pensando mejor, que en la infancia era más valiente y, sin tener que esforzarse mucho, la vida transcurría más liviana. Una vez reflexionó sobre ello, comparándose con su hermana mayor, quien se había convertido en su modelo a seguir en la vida, en su adolescencia. A diferencia de él, ella era más objetiva, introvertida y racional, quien era más impulsiva, expansiva e intuitiva, y obtenía excelentes calificaciones en materias que consideraba difíciles, como matemáticas y física, lo que la convirtió en la atención de toda la familia. Se rió de estos recuerdos. Ese momento de su vida lo marcó mucho. No era muy consciente de que la razón de toda su ansiedad, el miedo, era la no aceptación de sí mismo. Dejándolo a un lado, para seguir a su hermana mayor, la que tenía fama de ser un genio en la familia y tal vez, por tanto, no se sintiera tan sola en el grupo familiar. Igualando, se volvería más aceptado. No hay duda de que era una forma de sobrevivir y evitar enfrentamientos y roces con la familia. Incluso más que otra su hermana menor, se había convertido en un rebelde yendo contra el sistema familiar, quedando así marginado. Dentro del grupo Todas las escenas de fricción entre esta hermana y sus padres y el resto de los hermanos los hacían sentir cerrados, deprimidos y en medio de todo este escenario reprimían su verdadera naturaleza, imitándose a sí mismos.
Se tomó su café un buen rato navegando por internet y luego se fue a tomar una ducha y decidió qué hacer ese día. Vivía solo, quiero decir, él y su gato mascota. Siempre le gustaron los gatos. Hacían que se sintiera conectado con algo que no podía, o no quería ver, explicar el sentimiento. Lo siguió a todas partes de la casa. Incluso cuando estaba bajo la ducha, estaba acostado en la alfombra cerca del cubículo.
Se duchó rápido, esta vez. Ya se había tomado mucho tiempo en pensamientos y recuerdos tomando un café. Tenía una cita para almorzar. Su ex novia lo había llamado el día anterior, invitándolo a almorzar y contarle algo nuevo. No podía ocultar su entusiasmo. de la reunión, cuando fue así todo se volvió rápido y ligero. La vida tomó un ritmo dinámico y la vida se volvió colorida de nuevo No había dejado de gustarme esta novia, incluso después de haber salido con tantas otras mujeres después de ella. Se separó de ella. Pensaba que no la amaba lo suficiente como para seguir saliendo, ella era joven y quería vivir intensamente. Su primera novia y su único amor en la vida estaban casados, tenían hijos adolescentes y estaba feliz con su vida. Lo que lo puso algo melancólico, incluso tratando de no mostrarlo, se dio cuenta de que no podía ocultar su condición. Sintió que ella disfrutaba de su forma de vida confusa y deprimida. Esto lo atormentaba, sentía baja autoestima ante la felicidad de su novia y el goce del estado de vida que llevaba, era económicamente dependiente de su familia, aunque vivía solo y tenía cierta independencia para vivir. suya, dedujo. Su familia era rica, mientras se dirigía al restaurante, durante el trayecto, en el taxi que había llamado, miró el mismo paisaje que siempre lo asfixiaba. No se dirigió al conductor, porque nunca le gustó hablar con los taxistas. Ellos, para complacer o pasar tiempo durante el monótono viaje, iniciaron una conversación. Él respondió brevemente, terminando la conversación en el mismo momento. No es que no le gustara el conductor, porque ni siquiera lo conocía, pero no tenía la costumbre de hablar con extraños, se sentía totalmente incómodo con situaciones así, no se culpaba por eso, después de todo lo que había pasado. Las personas que no lo conocían, pensaban que era una persona frívola, inútil y sin rumbo en la vida. Yo no los condené. Quizás él también lo habría hecho, si no hubiera perdido a su hermana mayor en ese accidente que él, según él, causó. Fue testigo de todo el sufrimiento de su hermana antes de morir. Los destellos de estas escenas siempre lo acompañaron. Sabía que era un sentimiento de culpa, porque la envidiaba por siempre tener éxito en todo lo que se proponía hacer.
El taxi se detuvo frente al restaurante, él frecuentaba el mismo restaurante, no tenía ganas de cambiar el guión. Entró y vio a su exnovia esperándolo en la misma mesa junto a la ventana. La besé y la abracé tiernamente. Se sentaron y esperaron la comida que habían pedido. Él notó que aunque todavía estaba hermosa como en su juventud, estaba nerviosa y tranquila. . El tiempo la hizo más hermosa. Esta vez, decidió iniciar la conversación. El silencio no le sentaba bien, él era el personaje del silencio, las lágrimas brotaron de sus ojos en el momento en que preguntó cómo estaba la familia, sobre sus hijos. Esto lo atormentó, no esperaba este guión en este día. No era a ella a quien esperaba ver melancólico, deprimido y triste. Él se rió internamente, de nuevo, con estos pensamientos. Notó que se estaba volviendo irónico con la edad avanzada. Tenía 65 años. Soltero, sin hijos y hablando con la única mujer que pensó que siempre había amado en la vida, en este momento comenzó a dudar de este sentimiento. No quería mostrar cierta felicidad, aunque no podía fingir sus sentimientos a la mujer que nunca dejaba de reunirse para conversar y almorzar todos los meses en el mismo restaurante. Se sentía como una amiga o una hermana, reemplazando a la hermana que había perdido. En un accidente. El accidente que lo traumatizó el resto de su vida dejándolo completamente perdido, no pudo recuperarse de este hecho y, además, sabía que su familia no lo perdonaba. la muerte de su envidiada hermana. Pensándolo bien, no podía considerar este sentimiento como envidia, sino como una deificación, una admiración inusual. Pero se culpaba todo el tiempo por pensar que era envidia e incluso con la ayuda de su familia para intensificar su culpar aún más. Su madre, tras el accidente, su padre ya había fallecido, recordaba que la hija modelo, el genio, la hija que todos los padres querían tener, había fallecido en un absurdo accidente.
Se quedó en silencio, esperando a que ella dijera lo que estaba pasando. La miró a los ojos, las lágrimas no paraban, y sintió ganas de abrazarla, besarla con toda la intensidad de su alma. Él cambió de opinión después de que ella le contó todo. De nuevo sintió como si el suelo hubiera desaparecido bajo sus pies. Tenía miedo de enloquecer y tener que volver a ir a un asilo de ancianos durante mucho tiempo, como lo hizo después de la muerte de su hermana, para recuperarse, pero esta vez el impacto ya no se debía a la culpa, el remordimiento, todos los sentimientos juntos. los sentimientos eran de alivio, de alegría infinita pero no sin una pizca de tristeza, tras años de sufrimiento, traumatizado y con culpa, perdiendo el rumbo de su vida y el ánimo por la vida y los mejores momentos de su vida. El momento en que pudo haber formado una familia, se dedicó a la profesión de la publicidad, y que todo se evaporó en segundos, no era de extrañar que no tuviera un poco de tristeza en toda la historia que acababa de escuchar. fue en vano todo lo que tAdquirió paciencia, calma y control de sí mismo para levantarse de la mesa, salir riendo del restaurante, feliz de nuevo con la vida, sentía que se abría un nuevo horizonte frente a él, incluso a los 65 años.
Comenzó a escuchar lo que ella quería decir. No podía hablar con claridad porque las lágrimas cada vez más intensas seguían cayendo de su rostro, las palabras salían entre sollozos y lágrimas. Pacientemente la miró con sorpresa, directamente a sus ojos. Y por eso sollozó salvajemente, llena de culpa. tal vez. Dijo que su marido había muerto. Sus hijos estaban bien, estaban de vacaciones. Aún no sabían de la muerte de su padre y ella no sabía cómo iba a contar la noticia o si iba a contar toda la verdad. Él la miró con ansiedad y desconcierto por la escena que se le apareció frente a ella. su marido se había suicidado. Él tenía 25 años más que ella y sabía que tenía cáncer, recibió el diagnóstico con calma, salió del consultorio del médico y se tiró por una ventana en el decimotercer piso del edificio en el balcón del pasillo, murió instantáneamente. Con la noticia, que también le empezaron a salir lágrimas de los ojos, llenas de compasión por ella, de repente sus ojos se congelaron al ver que las lágrimas corrían por su rostro. Esa expresión lo sobresaltó, ella ya no lloraba, le dijo fríamente que su marido era su hermana, que no había muerto en el accidente. Todo había sido una farsa. Aprovechó el accidente de coche para fraguar su propia muerte. La muerte, el entierro, el féretro estaban todos escenificados. Durante su internación en un asilo de ancianos en esos dos años, tuvo tiempo de operarse plástica, tomar hormonas para hacerse masculina se cortó y se tiñó el cabello de rubio, se puso lentillas azules, en estos dos años se convirtió en deportista, es decir, en deportista, se rió fríamente. No podía decir que era una mujer o que había sido hermana de su ex novio. Él la miró, asustado y petrificado, preguntó: ¿Y cómo tuvieron los niños? Ella se rió de nuevo, los niños son tuyos. Durante su estadía en la clínica tomaron una muestra de su semen y me fertilizaron. Ahora, después de escuchar esta parte, pudo entender por qué se volvía tan comprensivo con sus hijos, hasta el punto de pensar que incluso se parecían un poco a él. Todo el tiempo pensó que aún no estaba bien por el trauma y que llevaría ese sentimiento por el resto de su vida. Notó que ella tenía un aire de maldad en su expresión, un placer de verlo paralizado por toda la historia. Sintió que se iba a desmayar, pero soportó el final de la historia con firmeza. En el momento en que recordó algo de su vida con su esposo, es decir, con su hermana, sollozó compulsivamente. En ese momento, luego de escuchar el comienzo de la historia, ya no sentí nada por ella, ni por su familia, que todos El tiempo fingió no saber a pesar de que no lo aceptaron, ni por su admirada hermana. Tampoco simpatizaba con sus supuestos hijos a partir de ahora, ni querría contactar con él. Todo había terminado y era absurdo. ¿Qué querría ella de él ahora? Le preocupaba la posibilidad de que ella quisiera volver con él. Y tenía razón. , le pidió que volviera con ella, ya que los niños eran suyos. Él ya no creía en ella, imposible de creer con toda esta locura y maldad. Ella dijo que ella y su hermana siempre estuvieron enamoradas, pero sabían que la sociedad no aceptaría esta relación, por lo que juntos planearon todo a la perfección para no dejar ninguna. prueba de la farsa y todo.
Él preguntó tranquilamente si nunca se sintieron culpables por su sufrimiento y su vida hasta ahora perdida. Ella nuevamente lo miró con frialdad y se rió de la palidez de su rostro y lo besó en la boca sensualmente. muerte de su marido, la besó en la frente, se levantó sin decir nada más y salió a la calle sin mirar atrás. Ella había sobrevivido a todo lo sucedido, se sentía liviana y libre. Era invierno, se quitó el abrigo. y se mantuvo puesta la camisa, dejando que el viento frío le tocara la cara. Caminaba rápido para alejarse cada vez más de su pasado, era fuerte y sabía que en el futuro encontraría otra mujer a quien amar y tal vez formaría una familia. Tomó un taxi y se dirigió al aeropuerto, compró un boleto y abordó el avión para su nueva vida.